Gleba
Noite imóvel,
enigmática:
muralha
errática:
de olvido.
Por breve
momento:
o tempo não era
o tempo:
de tão antigo.
Templo de pedra
noturna:
o universo em
cinza ondula:
tépida gleba.
Azul? escrínio?
alfange?
o mundo é ocre,
terra
e sangue.
.............
Um lábio
secular em noturna
vigília:
inflexível resíduo?
rosa suspensa.
O suspiro lento
giro
da ausência:
nítida a
palavra: exata
e inarticulada.
Pálido segredo:
labirinto
de evidências:
a flor lavra
cristal e azul.
(poema de O emparedado, 1975)
Gleba é o primeiro poema do meu primeiro livro, O Emparedado. Foi escrito em 1971, quando eu lecionava francês em Duartina. Foi quando conheci Luiz Vitor Martinelo, que lecionava filosofia lá e eu não sabia que era poeta, e vice-versa, com grande razão - Gleba foi o primeiro poema "adulto" que escrevi, nas coxas (por falta de mesa, no quartinho da pensão onde me escondia). Penso que comecei bem. Eis aqui: um pouco de memória.
Gleba é o primeiro poema do meu primeiro livro, O Emparedado. Foi escrito em 1971, quando eu lecionava francês em Duartina. Foi quando conheci Luiz Vitor Martinelo, que lecionava filosofia lá e eu não sabia que era poeta, e vice-versa, com grande razão - Gleba foi o primeiro poema "adulto" que escrevi, nas coxas (por falta de mesa, no quartinho da pensão onde me escondia). Penso que comecei bem. Eis aqui: um pouco de memória.
Um comentário:
Espetacular...
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