PLENITUDE
Não sei como começa um poema,
não sei como termina.
E afinal, nem sempre o começo é o começo
e o fim é o fim.
E o recheio?
O que vem dentro é o que importa.
O fim e o começo muitas vezes se contradizem,
mas o recheio é música pura para os ouvidos
e para o corpo todo.
Nem todo poema começa com uma maiúscula,
nem todo poema termina com um ponto final.
No princípio da criação já havia uma nota ecoando
– e essa nota é uma melodia completa.
No fim da criação, continua-se a ouvir a melodia.
Mas então o poema é música?
Pode ser, mas também pode ser um gemido.
Ou uma explosão.
Talvez a ausência de ruído.
Mas nunca será o nada. O poema será sempre
o oposto do nada. O poema é a plenitude.
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