segunda-feira, 2 de maio de 2011

O CASULO DA VIDA

Ninho de graveteiro
                            



 


O CASULO DA VIDA

As pálpebras caem,
e as palavras, inúteis. 
Os canários já não cantam,
e caem.    
A pedra brilha ao sol,
como uma lápide.
Os teus passos se calam,
no jardim da ausência.

Como decifrar o casulo da vida?
As asas aprendem o desígnio de não voar. 
No entanto, sabemos quem somos.
Sabemos Deus.
Nada nos falta, apesar da humana fraqueza.

A areia tem a forma dos nossos pés.
A justa medida.
O mar nos chama,
e nos ministra lições
de partida: partir é viver.
Não queremos, ainda, o esquecimento.
Nem depois, no espelho de Deus.

Os barcos sofrem na praia, apodrecem,
mas guardam a memória das viagens, do infinito.
Um pouco de terra e escuro, nosso domínio:
que morra e nasça a semente da eternidade.



 

Um comentário:

Ana Regina Bresolin disse...

nossa. tudo!!! Que tudo essa poesia!! Tem muito haver com a poesia do Carlos Brandão... que eu adoro. Parabéns