A ORDEM NATURAL DAS COISAS
A abelha se inclina sobre o ouro da rosa,
Os peixes saltam alegres no tanque do pomar,
As crianças brincam à sombra da figueira,
O trator sobe o barranco e resfolega como uma baleia.
O girassol pende a enorme corola
Para o pôr-do-sol se renovando no horizonte,
Os pássaros se recolhem entre as folhas escuras
Os pássaros se recolhem entre as folhas escuras
Saudando o fim do dia com uma última algazarra.
Os primeiros vaga-lumes acendem as estrelas.
Um sossego sem surpresas desce sobre as coisas
Um sossego sem surpresas desce sobre as coisas
Com um bocejo de cansaço sonolento.
A coruja é um ponto de sombra no escuro.
A vida prossegue com a quietude de tudo:
A terra arada à espera da semente,
As plantas que nascem e morrem como os homens
E os animais recolhidos ao seu domicílio comum.
----------
O título deste poema é tomado de empréstimo a um romance de António Lobo Antunes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário