segunda-feira, 25 de abril de 2011

A ORDEM NATURAL DAS COISAS




A ORDEM NATURAL DAS COISAS

A abelha se inclina sobre o ouro da rosa,
Os peixes saltam alegres no tanque do pomar,
As crianças brincam à sombra da figueira,
O trator sobe o barranco e resfolega como uma baleia.

O girassol pende a enorme corola
Para o pôr-do-sol se renovando no horizonte,
Os pássaros se recolhem entre as folhas escuras
Saudando o fim do dia com uma última algazarra.

Os primeiros vaga-lumes acendem as estrelas.
Um sossego sem surpresas desce sobre as coisas
Com um bocejo de cansaço sonolento.
A coruja é um ponto de sombra no escuro.

A vida prossegue com a quietude de tudo:
A terra arada à espera da semente,
As plantas que nascem e morrem como os homens
E os animais recolhidos ao seu domicílio comum.

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O título deste poema é tomado de empréstimo a um romance de António Lobo Antunes.



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