domingo, 21 de dezembro de 2025

O ator

 


O ator

 

 

Um homem (morador de rua?

Sobrevivente por definição)

deitou-se no meio da avenida

em frente à Câmara Municipal.

 

O motorista do ônibus freou

a dois passos da cabeça do pobre.

A população suspirou aliviada.

 

O homem levantou-se,

levou a mão ao chapéu

(que não tinha)

 

e fez uma vênia demorada e pausadamente

agradecendo os aplausos

(que não vieram).

 

Alguém quis esganá-lo, alguém

pensou na polícia (apenas pensou )

e o caso foi esquecido.

 

E eu escrevo este poema

para que viva por alguns minutos mais.

 

 


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