O pomar do inferno
Vivemos no
inferno mas não o confessamos a ninguém
Cultivamos o
silêncio
Porque não
podemos falar do inferno a ninguém
A linguagem
é uma ferida pulsando porejando pus
A linguagem
é uma pedra
A linguagem
não vale nada
A paisagem
do outro lado da ponte é um abismo disfarçado
A paisagem
do outro lado da ponte me atrai
A água ferve
as luzes cegam os pássaros gritam
Cultivamos o
silêncio como um pomar do inferno às avessas
José Brandão
1914
Nenhum comentário:
Postar um comentário