quinta-feira, 12 de janeiro de 2023

O pomar do inferno


 

O pomar do inferno 

 

 

Vivemos no inferno mas não o confessamos a ninguém

Cultivamos o silêncio

Porque não podemos falar do inferno a ninguém

A linguagem é uma ferida pulsando porejando pus

A linguagem é uma pedra

A linguagem não vale nada

A paisagem do outro lado da ponte é um abismo disfarçado

A paisagem do outro lado da ponte me atrai

A água ferve as luzes cegam os pássaros gritam

Cultivamos o silêncio como um pomar do inferno às avessas

 

José Brandão 1914

 



Nenhum comentário: