Kandinski
MEU TEMPO
O soldado me
apontou o fuzil e atirou.
Os fuzis
existem para atirar,
os soldados
existem para matar.
Vivemos num
campo cercado de arame farpado,
vivemos num
mundo em guerra sem trégua,
estamos
irrevogavelmente condenados ao extermínio.
Restam de nós
estranhas palavras nas paredes,
não restarão
as casas mas apenas as paredes
e aquelas
palavras que serão os nossos nomes
impronunciáveis
como fendas.
Fomos
condenados ao exílio em nossa própria terra.
Crescem ervas
daninhas entre as ruínas de nossas casas.
Deus abaixe a
sua mão cruel, Deus tenha piedade.
Vivemos em um
mundo em extinção,
o sal salga o
chão que pisamos e não conserva vida nenhuma.
2 comentários:
Olá, José Carlos, gostei muito dessa nossa realidade que cantas acima!
que Deus tenha piedade de nós, cruzes!
Aplausos para realidade tão bem dita e escrita.
Beijo, um bom finalzinho de semana.
Obrigado, Taís. Beijo, bom fim de semana.
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