domingo, 14 de abril de 2019

Este país não é um cachimbo

                                                                                                                                                                         Magritte



Este país não é um cachimbo
                                  

Virou o dia do avesso e chupou até o pau.
Vestiu a noite física e saiu por aí. Ou por lá.
A poesia é uma loucura. O real é chato paca.
A pedra vira água. E se escoa pelos dedos.
A cidade assombra. Como um rinoceronte.
Fotografaram o buraco negro. Era vermelho.
Perdi a goiaba, a manga e a esperança. 
E se o bicho da goiaba me comer ontem?
Chupei uma laranja e me engasguei. Orra meu.
Olha o sorriso do filhote de cruz-credo.
Estão mangando de mim, este é um país triste.
Enche a vida até espumar. Bebe a espuma e cospe.
Tinha a magia na fronte e nenhuma poesia.
Atira e depois pergunta. Aliás, atira e dá risada.
As palavras caíram no abismo desesperadas.
A pátria tem a língua e os olhos cheios de lágrimas.
Quem descasca uma cebola tem que chorar.
Quem descasca um abacaxi também descasca um pepino?
A água não volta atrás, vira lama e corricho.
Aliás, corricho é um porco pequeno e não vê o céu.
O último a sair não apague a luz no fim do túnel.





  

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