A ESTRELA PAIRAVA SOBRE OS AMANTES
A estrela
pairava sobre os amantes, sem ruído.
Era como um
vidro do espelho quebrado.
Eu lia um
livro de areia,
as letras se
desfaziam nas minhas mãos.
O tempo se
escapava entre meus dedos.
A marca das
minhas mãos na borda do poço.
A ampulheta
quebrada,
saía fumaça da
cinza das horas.
A água alagava
o barco,
as palavras
batiam no casco furado.
Os olhos
vazados boiavam na água
como peixes
mortos.
As palavras
desfiavam a história da água,
as pálpebras
caídas entre as pedras do caminho.
As pétalas
doíam na areia,
as imagens
nítidas no cristal das lágrimas.
J. C. Brandão
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