A GEORG TRAKL
Não te
conheces. Quem és o outono
ancestral
modula de leve sob a água
e os pássaros
migradores do degelo.
A ti que te
importa a guerra ou a paz?
A morte é a tua
amante amaldiçoada;
não te intimida
o açoite da desgraça;
a tua voz vem
de tão longe, lívida
à luz da lua,
lírio da legenda.
De te sonhares
tanto, te comprazes.
Melodia sob a
árvore castanha,
a certeza de
ser tão nostalgia.
E tua funda
angústia se disfarça
em merencórios
tons de azul e nuvem.
Quem és o céu
traiu o sonho inútil.
"Exílio", 1983.
Um comentário:
Passando para deixar um abraço do Pedra...
Um belíssimo poema!
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