sexta-feira, 3 de maio de 2013

A GEORG TRAKL







A GEORG TRAKL


Não te conheces. Quem és o outono
ancestral modula de leve sob a água
e os pássaros migradores do degelo.
A ti que te importa a guerra ou a paz?

A morte é a tua amante amaldiçoada;
não te intimida o açoite da desgraça;
a tua voz vem de tão longe, lívida
à luz da lua, lírio da legenda.

De te sonhares tanto, te comprazes.
Melodia sob a árvore castanha,
a certeza de ser tão nostalgia.

E tua funda angústia se disfarça
em merencórios tons de azul e nuvem.
Quem és o céu traiu o sonho inútil.

                                  "Exílio", 1983.






Um comentário:

www.pedradosertao.blogspot.com disse...

Passando para deixar um abraço do Pedra...

Um belíssimo poema!