POSTURA
A postura da rosa, solene, na alameda verde
deserta de respostas. Pássaros calcinados:
hóspedes de concreto seco, quedo no fundo
da memória. Sem passos o relógio dilui
os segundos malsinados da abstração
de tudo, sob o solo encharcado, sobre
as árvores e as suas formas de astros de outrora.
Anterior a rosa, pássaros, relógio, a safira
rodopia, dança, canta a pausa, o movimento,
o passado, o futuro, a ascensão, a queda: imóvel.
O tempo é um só: mutável é o corpo frágil.
Decifrado êxtase metálico: transitória quietude.
O tempo devora a pátina do sentimento.
A carne bruxuleia túmida ataraxia:
o vazio, a plenitude: e a luz mortiça
de lúcida transitoriedade / sensualidade.
O sino, o girassol: o tempo derruba
sua máscara de poeira. Asas de treva
batem palmas. O tempo é o tempo. É um deus
amarelo. É o que é preciso esquecer. O tempo
é o agora. O tempo é o nunca e sempre. É limitação
de paisagem: escuro espaço do nada.
Um dos três primeiros poemas do meu primeiro livro, O Emparedado, 1975, escrito em Duartina, SP, em 1971, junto a Gleba e O Despertar.
A postura da rosa, solene, na alameda verde
deserta de respostas. Pássaros calcinados:
hóspedes de concreto seco, quedo no fundo
da memória. Sem passos o relógio dilui
os segundos malsinados da abstração
de tudo, sob o solo encharcado, sobre
as árvores e as suas formas de astros de outrora.
Anterior a rosa, pássaros, relógio, a safira
rodopia, dança, canta a pausa, o movimento,
o passado, o futuro, a ascensão, a queda: imóvel.
O tempo é um só: mutável é o corpo frágil.
Decifrado êxtase metálico: transitória quietude.
O tempo devora a pátina do sentimento.
A carne bruxuleia túmida ataraxia:
o vazio, a plenitude: e a luz mortiça
de lúcida transitoriedade / sensualidade.
O sino, o girassol: o tempo derruba
sua máscara de poeira. Asas de treva
batem palmas. O tempo é o tempo. É um deus
amarelo. É o que é preciso esquecer. O tempo
é o agora. O tempo é o nunca e sempre. É limitação
de paisagem: escuro espaço do nada.
Um dos três primeiros poemas do meu primeiro livro, O Emparedado, 1975, escrito em Duartina, SP, em 1971, junto a Gleba e O Despertar.
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