“A poesia serve para tudo: substitui a anestesia
no dentista e não tem efeitos secundários”, diz o poeta
David Turkéltaub
e eu me lembro do meu poema em prosa A Árvore e a
Cruz
imaginado na
cadeira do dentista
– no canal 4, em Santos.
Eu ouvia a broca monstruosa prestes a entrar
na minha boca
como um trator gigantesco esmagando pedras e
árvores
e olhava pela janela a árvore frágil
mas teimosa
resistindo
junto ao canal.
Aquela árvore não morria afrontando o sol
assustador
com seus dois braços abertos em cruz
(como Jesus).
Não era o deserto, não era a solidão
– nenhuma devastação,
mas eu via a imagem da solidão, da devastação.
Eu me imaginava com os braços abertos
naquela árvore,
agonizando
com o delírio da poesia nos olhos perplexos.
Um comentário:
Da poesia nasce dias sorridentes.
Lindo querido,
meu beijo,
Sam.
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