quarta-feira, 6 de junho de 2012

A POESIA E O DENTISTA



“A poesia serve para tudo: substitui a anestesia
no dentista e não tem efeitos secundários”, diz o poeta
David Turkéltaub
e eu me lembro do meu poema em prosa A Árvore e a Cruz
imaginado na
cadeira do dentista
– no canal 4, em Santos.
Eu ouvia a broca monstruosa prestes a entrar
na minha boca
como um trator gigantesco esmagando pedras e árvores
e olhava pela janela a árvore frágil
mas teimosa
resistindo
junto ao canal.
Aquela árvore não morria afrontando o sol assustador
com seus dois braços abertos em cruz
(como Jesus).
Não era o deserto, não era a solidão
– nenhuma devastação,
mas eu via a imagem da solidão, da devastação.
Eu me imaginava com os braços abertos
naquela árvore,
agonizando
com o delírio da poesia nos olhos perplexos.



Um comentário:

Quintal de Om disse...

Da poesia nasce dias sorridentes.

Lindo querido,
meu beijo,
Sam.