sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

O Centenário da Semana de Arte Moderna


 O 2º à esquerda, acima, Manuel Bandeira, ao lado Mario de Andrade, à frente em primeiro plano Oswald de Andrade, e os principais modernistas de primeira hora:

 

 

       O Centenário da Semana de Arte Moderna  

 

A Semana de Arte Moderna foi essencial para a minha formação como escritor. Quando eu tinha os meus 17 anos de idade fiquei sabendo dos principais escritores modernistas. Li e reli as cartas de Mario de Andrade a Manuel Bandeira (as cartas de Bandeira a Mario só foram publicadas bem mais tarde). Foram uma verdadeira oficina de poesia para mim. Aprendi como um poema deve ser pensado criticamente, não basta apenas escrevê-lo.

As diretrizes do Modernismo expostas na Semana de 22 foram: liberdade de expressão, experimentações estéticas; busca por uma identidade nacional: valorização do regionalismo; temáticas próximas ao cotidiano da população; negação dos padrões e estéticas anteriores; uso de ironia e linguagem coloquial vulgar; aproximação de vanguardas europeias, como cubismo, futurismo, dadaísmo, etc. Eram as diretrizes que eu queria para a minha obra.

Os integrantes da Semana de Arte Moderna foram Mario de Andrade e Oswald de Andrade, Paulo Prado e Graça Aranha, Anita Malfatti, Victor Brecheret, Menotti del Picchia, Guilherme de Almeida, Villa Lobos, Di Cavalcanti e outros. Sim, havia gente mais velha como um Graça Aranha, autor de um romance famoso, que rompeu com a Academia Brasileira de Letras, porque ela não aceitava as ideias novas. Manuel Bandeira não quis participar porque estava apegado às formas antigas, mas o seu poema “Os Sapos”, uma crítica ao Parnasianismo, foi lido – e ovacionado.

O Rio de Janeiro sempre esteve mais aberto ao novo, São Paulo estava apegado ao passado, por isso a Semana aconteceu em São Paulo, que tinha mais necessidade de se modernizar. O acontecimento foi noticiado nos jornais do Rio, que eram lidos em todo o Brasil, e assim foi o impulso para o Brasil todo se modernizar.

A antologia, “Poesia Moderna”, organizada por Péricles Eugênio da Silva Ramos, em 1967, foi para mim por muito tempo como uma Bíblia. Ali estão os principais poetas do Modernismo Brasileiro, da 1ª, 2ª e 3ª gerações. Há poetas essenciais da nossa literatura, alguns esquecidos como Raul Bopp e Dantas Motta, dois poetas imensos. Há Murilo Mendes e Carlos Drummond de Andrade, com as coisas simples da vida, com imagens concretas como matéria de poesia. Há Oswald de Andrade com seus poemas-minuto e João Cabral de Melo Neto com sua poesia elaboradíssima. Há o Concretismo e a Poesia Praxis, ainda novos. É um verdadeiro mapa da poesia brasileira.

A Semana de Arte Moderna aconteceu em três dias: 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922. Agora é o seu Centenário, que deveria ser muito mais celebrado. A arte no Brasil nunca mais foi a mesma depois da Semana. Foi como se de uma hora para a outra o Brasil tivesse se modernizado. O Brasil não é o mesmo depois da Semana de Arte Moderna.

 

 

 


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