ARS POETICA
Sei absolutamente o que é
um poema,
disse García Lorca mas
não contou a ninguém.
Marianne Moore diz que a
poesia desagrada
mas é a único lugar onde
se encontra o genuíno.
Wisława Szymborska diz que é absurdo
escrever poemas
mas prefere o absurdo de escrever
poemas ao de não escrever.
Orides Fontela diz que a
poesia é impossível
e que assassinou a
palavra, a crueldade da palavra.
Adam Zagajewski diz que os poemas de Miloz parecem
escritos por um homem rico e culto
mas ao mesmo tempo
por um mendigo, sem casa, um emigrante solitário.
Às vezes penso o mesmo de todos os poetas.
Archibald Macleish diz que o poema deveria ser
sem palavras como o voo dos pássaros, não significar
mas ser. A poesia
nos faz tocar o impalpável
e escutar a maré do
silêncio, diz Octavio Paz.
A poesia faz entrar em crise a nossa relação com a linguagem,
lembra Barthes. Quer dizer, a poesia é um estranhamento.
O poeta é um estranho cuja única pátria é a linguagem,
mas a sua relação com a linguagem por definição está em crise.
Concluindo dizem que a poesia é a expressão dos sentimentos,
mas o palavrão e os gemidos também são. Aliás a epifania
de Gustavo Corção foi um palavrão. Afinal a poesia também
pode ser feita de palavrões, muito mais que de palavrinhas.
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