quarta-feira, 15 de agosto de 2018

A linha limítrofe - poema(s) em prosa



A LINHA LIMÍTROFE
     poema(s) em prosa



ESSÊNCIA

A rosa essencial, entre o tempo e a eternidade. O resto é silêncio.


A RELVA

Cresce a relva sobre a sua boca, cresce a relva.


AMO O MISTÉRIO

Amo o mistério porque não sou eu, não são os outros, nem as coisas, mas tudo que está além de mim, de minhas limitações humanas.


A NOSSA VINCULAÇÃO

A nossa vinculação com a terra, de onde viemos, as nossas raízes. Ficar deitado na terra, recebendo a força, toda a energia da terra.


ERA A ÁRVORE

Era a árvore frondosa, ou a trepadeira que se estende sempre mais além.
Era a água, seu poder transformador, o rio da vida.
Era o barquinho fazendo água, o remador pobre, levando o barco e sendo levado por ele, pelas águas.


O QUE SINTO

O que sinto, se o escrevo, são palavras.
Todos os sentimentos do mundo, ou se perdem, ou, se são registrados, para não se perderem, são palavras, que se perdem, porque não são nada.


AS MANGAS

As mangas contra o céu azul.  O vermelho das mangas, o verde das folhas, e o azul  do céu. Sentimento de saciedade e de infinito. A beleza das frutas e o infinito além do azul me saciam. Não preciso pensar em Deus como não preciso pensar nas mangas.


A MULHER E O GIRASSOL

Qual mais belo? São belezas diferentes, por que temos que nos meter em comparações? A beleza da mulher está mais do que nos olhos, no instante em que foi apreendida. Na apreensão desse instante. Mas a beleza do girassol também está na apreensão do instante. Não serão uma só beleza? Como olhá-los ao mesmo tempo? Impossível, mas necessário olhá-los ao mesmo tempo. Na linha limítrofe desse olhar, está a beleza.










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