quinta-feira, 24 de janeiro de 2013
segunda-feira, 21 de janeiro de 2013
OS CISNES NEGROS
OS CISNES NEGROS
Não é todo dia que passa
a sua frente
um casal de cisnes negros,
ela escreveu.
Passam andando
na frente da gente
e são cisnes
negros,
negros como a
página à espreita
do poema
branco.
Dizem que os
cisnes brilham
na luz dourada
do sol,
mas eram cisnes
negros.
A surpresa da
poesia iluminou a página negra.
À minha sobrinha Ivana Lima, autora da foto e da primeira frase do poema.
JCMBrandão
sábado, 12 de janeiro de 2013
A EXECUÇÃO DE WLADIMIR HERZOG
A EXECUÇÃO DE WLADIMIR HERZOG
Wladimir
Herzog não tinha nada a dizer
a seus
algozes.
Recebeu as
pancadas uma a uma,
sentiu o seu
corpo vergar de dor
até que uma
nuvem lhe cobriu olhos
e não sentiu
mais nada.
As pancadas
continuaram ferozes
contra o seu
corpo morto.
Quem teve a
ideia de pendurá-lo
numa das
barras de ferro da janela
como se
tivesse se suicidado?
– Um morto não se suicida. sexta-feira, 11 de janeiro de 2013
A EUGÉNIO DE ANDRADE
A EUGÉNIO DE ANDRADE
Contemplo a
minha imagem
na água clara
do dia.
Eu sou a
distância sem fim,
a minha sede é
imensa.
Palavras,
palavras
e um banho de
espuma.
A água corre,
se renova,
eu nunca sou o
mesmo.
Inscrição na
parede da caverna
primeira,
virgem, única.
A palavra –
relâmpago! –
instaura a luz.
Desenhos
traçados na praia
pelas águas e
algas do mar.
Poesia escrita
na areia
para o vento
apagar.
segunda-feira, 7 de janeiro de 2013
MEMÓRIA (e-book Memória da terra)

Um pouco de memória - ainda mais quando é a memória do meu 7º livro, Memória da terra. Abaixo, a orelha.
Estes poemas telúricos
O
mal do homem contemporâneo é ter perdido as suas raízes, não sabe mais quem é,
quem são os seus ancestrais, qual é a sua ligação com a natureza e com os
outros homens. Como uma árvore, o homem tem suas raízes plantadas no lugar onde
nasceu, onde a sua família se desenvolveu, onde cresceu, em contato com outras
pessoas como ele.
Meu
bisavô João Ventura veio de Minas para Dois Córregos, SP, e abriu a fazenda
Matão, que foi dividida para seus herdeiros em várias pequenas fazendas. Eu
nasci numa dessas fazendas. Pude escrever estes poemas telúricos porque tenho
minhas raízes nesse lugar.
Poesia
é imagem. Cria-se um poema com o trabalho da linguagem para criar imagens, que
só podem nascer de elementos concretos que fazem parte do mundo pessoal do
poeta, do lugar em que ele viveu.
“Canta
a tua aldeia e cantarás o mundo”, diz Tolstoi, que Miguel Torga complementa:
“Do meu Marão nativo abrange-se Portugal; e, de Portugal, abrange-se o mundo.”
A minha proposta é mais modesta: eu recrio imagens de outras paisagens para
reinventar o meu Matão.
Estes
poemas telúricos, ou seja, do planeta Terra, mas também da minha terra. Eis Memória
da terra, o livro que comecei a escrever há vinte anos e que agora
concluo e lhe entrego, amigo leitor.
J. C. M. Brandão
e-book aqui: http://issuu.com/jcmbrandao/docs/mem_ria_da_terra
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