sábado, 4 de agosto de 2012

FURO! ENTREVISTA COM RUBEM FONSECA

                      Rubem Fonseca recebendo o prêmio Correntes d"Escritas 2012 Póvoa de Varzim - Portugal



FURO! ENTREVISTA COM RUBEM FONSECA


“Para cada Central Nuclear é preciso uma porção de poetas e artistas, do contrário estamos fudidos antes mesmo da bomba explodir.”
São palavras de Rubem Fonseca em “Intestino Grosso”, a entrevista com que ele nos brinda sob a persona de um escritor pernóstico, exagerado à caricatura.
“Intestino Grosso” é o último conto do livro “Feliz Ano Novo”. Rubem Fonseca já não dava entrevista, resolveu dar em forma de um conto, mas um censor conseguiu a proeza de ler até o fim, onde estava a condenação: “Ao atribuir à arte a função moralizante, ou, no mínimo, entretenedora, essa gente acaba justificando o poder coativo da censura sob alegações de segurança ou bem-estar público.”
Condenou a censura, que obviamente o condenou.
Eu comprei o meu exemplar de “Feliz Ano Novo” em Dois Córregos, SP, onde eu era professor, em 1975, mal chegou à banca. No dia seguinte estava recolhido pelos guardiões dos Bons Costumes e Boas Maneiras à mesa e à cama.
Essa frase, que fala da função moralizante da arte, não lhes parece feita sob medida para os nossos tempos politicamente corretos?
Um dos modelos criticados pelo escritor pernóstico do conto (que honra ser pernóstico!) é a literatura infantil. Hoje está mais que feita a psicanálise dos contos de fadas, revelando toda a perversidade subentendida sob os bons modos, boas palavras e bons sentimentos.
Era a época do boom da literatura latino-americana. Pois o nosso escritor não só nega a existência dessa literatura como da própria literatura brasileira. Guimarães Rosa estava no auge, era endeusado. Pois o cara era tão pernóstico, só vendo a miséria à porta, que não podia achar que fazia sentido uma literatura brasileira ou latino-americana. Se o brasileiro é tão pornográfico que nem dentes tem na boca, como teria sentido a existência de Diadorim?
(“Desdentados” é a imagem que a persona pernóstica de Rubem Fonseca usa para falar da miséria que se tenta embelezar pintando de cor de rosa as palavras, que são chamadas de palavrões quando se referem a sexo ou a excreções, coisas que todos nós fazemos.)

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Quem, com razão, não ficou safisfeito com a minha crônica (afinal, diz pouco sobre uma possível entrevista de Rubem Fonseca) pode ver e ouvir o show do autor em Póvoa do Varzim, Portugal:




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