sábado, 15 de maio de 2010
O louco
O louco
Tinha uma roseira e batia na janela
E as pétalas eram grudadas na vidraça.
Eu pensava no adubo para os canteiros
E pensava na terra regurgitando a vida.
Minha mãe erguia a saia cheia de rosas
E as pétalas eram borboletas e revoavam.
O meu pensamento tinha terra nos dentes
E o grito dos periquitos partia a vidraça.
Só minha mãe sabia que eu era louco.
Eu não tinha morrido e dava risada
Bebendo o leite verde das minhas vacas.
Tinha pimenta nos olhos para ver melhor.
Escrevia com pedras e picadas de abelhas.
A loucura me explica e brilha com a beleza.
_______________
Assinar:
Postar comentários (Atom)
8 comentários:
JC, esses delírios com as coisas mais simples da vida é que tornam o poeta ou o louco diferente dos demais. Gostei imensamente desse poema. Aliás, viajei...beijo.
Envolvi-me totalmente com esse seu poema, coisa mais linda! Senti-me grudar na vidraça, como pétalas úmidas.
Beijos.
Muito belo poema, de poeta e louco, todos temos um pouco, e é bem verdade...gostei do poema.
beijinhos
Sonhadora
Entrei nos versos: a 2ª estrofe (a saia cheia de rosas), os pensamentos (no adubo, na terra)...
Gosto imensamente de seus poemas.
Coisa insana esta da gente ser poeta.
Brandão,
Trata-se do louco que ousa ter abraçado a "translucidez".
Abração.
A loucura do seu poema, de sua poesia toda - creio -, é toda dócil, doce, serena e suscita mais e mais poemas. Estou com um liquidificador de idéias depois de ter ler, agora!!!
Abraços!
Mãe perdoa tudo. Até filho poeta...
Postar um comentário