sexta-feira, 28 de maio de 2010

O jardim do ocaso



O jardim do ocaso

As formigas em procissão fazem penitência,
Carregam o ocaso como um rio nos ombros.
A roseira reza de costas com o outono nas mãos.
O menino se ajoelha com um martelo e bate firme

Na cabeça de cada formiga trabalhadeira.
As formigas são vermelhas fugindo da coivara
Com o besouro por cima zunindo, meditando.
A árvore toca em sua flauta a história das rãs.

O menino sabe dos mistérios esconsos dos jardins.
O pássaro num galho desfia com o bico o crepúsculo.
O horizonte cochila,

Se encolhe num ninho de guaxo.
O barranco é uma cama e boceja com muito sono.
O menino ajeita em cruz as formigas sacrificadas.

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7 comentários:

chica disse...

Teus textos são maravilhosos e nos fazem viajar entre tuas palavras...abração,chica

Anônimo disse...

Gostaria de dizer mais que somente "Lindo"... mas, tudo que leio aqui me deixa sem palavras...

Parabéns!

Abraço

Anônimo disse...

Alguns só observam a natureza, outros, sacrificam-na.

Beijos.

Gerana Damulakis disse...

Um quadro! Vi tudo. Vc fotografa com palavras.

Pedro Luso de Carvalho disse...

Caro Brandão,

Um belo poema, o seu O JARDIM DO OCASO, com excelentes imagens, como esta:"O barranco é uma cama e boceja com muito sono".

Grande abraço,
Pedro.

Graça Pereira disse...

No Jardim do Ocaso encontrei a alegria...de uma natureza em festa!
A alma...desenruga-se e aprende a amar...a vida!
Beijo
Graça

Sândrio cândido. disse...

como eu queria está neste jardim.