quarta-feira, 1 de julho de 2009
Prelúdio
“I reason, Earth is short –
And Anguish – absolute" - Emily Dickinson
Cai a noite de junho na sarjeta,
Cheira a fritura, bacalhau, carniça.
Eu me encolho na minha capa preta
E desafio para a mesma liça
A cruz e a rosa, o abismo das estrelas.
Corre a vida encardida como um rio
Nevoento aos meus pés, sob as janelas
De ninguém, no universo vão, vazio.
O vento chicoteia o corpo inútil,
Com os círios do nada ele me invoca:
Queima a chama o silêncio que me impus.
O tempo que me resta a mais deglute-o
Uma voraz lagarta e sua roca,
Mas a rosa floresce sobre a cruz.
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9 comentários:
Gostei muito de passar por aqui, José Carlos.
Essas fotos com a estátua de Rachel de Queirós estão excelentes.Muito boa a ideia.
Já tentaram depredá-la, da mesma forma que fizeram com a de Patativa, de Capistrano de Abreu, de Carlos Drumond de Andrade...!
Coisas de nosso Brasil.
E a tua poesia...muito boa!
Foi um prazer. Voltarei.
Abs
Teus poemas são instigantes, afinal que poeta descreve o caos, mas cultiva rosas em sua cruz? Gosto de teus poemas, porque eles são um desafio à interpretação.
Um abraço
"Eu me encolho na minha capa preta
E desafio para a mesma liça", JC, gostei tanto disse. A imagem veio e o resto do poema fluiu. "Mas a rosa floresce sobre a cruz". Incrível. Muito lindo. Beijo.
Este final é mesmo fascinante. Que intensidade tem este poema, JC.
Brilhante.
Beijos.
Me pergunto que obra é esta que está nascendo, será uma obra ou uma rosa, rosa límpida, magnifica, rosa é esta que trás iluminação,ela que narra um momento decisivo em nossas vidas.
È sutil,mas não maldoso, como diz Einstem:A coisa mais bela que podemos experimentar é o mistério. Essa é a fonte de toda a arte e ciências verdadeiras
Quee brilhante. *_*
está me cheirando a misticismo...
ouro não cheira, mas incenso e mirra sim...
eu estou, definitivamente, sonhando?
"...O tempo que me resta a mais deglute-o
Uma voraz lagarta e sua roca,
Mas a rosa floresce sobre a cruz."
A poesia alquimizando nossas culpas, nossos medos, trazendo à tona nosso ouro, o nosso eu mais sutil. Belo poema. Abraços, Brandão.
execelnte soneto a partir da epígrafe de Emily Dickinson
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