quarta-feira, 15 de julho de 2009
Catarse
CATARSE
Um pássaro voa
nos ares lavados
da tarde que coa
o seu canto exato.
Canto que penetra
a alma desta tarde
como se uma seta
contra a sua carne.
Carne que descansa
à espera do alarme
da memória fálica.
Fálica tal lâmina
na tarde em catarse
de verde ou luz, cálida.
ÊXTASE
Devoram as grinaldas da paisagem
Os venenos do tempo derrocado.
Como num sortilégio de fecundo
Mistério que se exala e nos consome,
Ferem as faces em nudez agônica
E nos comovem dentes de serpentes.
Num mergulho de trágica aventura,
Na suculenta polpa escura de
Um ofego de mar contra os espaços,
Um vórtice de línguas inquietantes
Sorve o sangue da aurora degolada
Pelas espadas rubras dos olhares.
Contempla o canto limo de agonia
A glória do êxtase e o anseio grave.
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Se o poema não provoca alguma espécie de catarse,
não cumpre a sua função.
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8 comentários:
Boa noite, José Carlos Brandão.
O "Catarse" tem uma arquitetura poderosa, em redondilha menor, palavra que encerra uma estância e inicia a próxima. Parece detalhe de joalheiro.
Já o "Êxtase" fala por si mesmo, decassilabicamente, é mais um arroubo lírico do grande JCB.
E a foto é um "flash" à parte - que complementa, aumenta, argumenta e pum!
Estou catártico...
Bom dia, Brandão. Não havia pensado em poemas como catarse, isto é, nunca me ocorreu tal palavra, mas eu pensava em 'alquimia', transmutação... catarse como 'purguação, limpeza', sim, está certo: escrever um poema é varrer a casa, é, como eu digo em meu poema 'desentupir a pia'. Belo poema, meu amigo. Obrigado pelas visitas e gentis palavras em meu blogger. Ah, manda teu e mail pra mim pra gente trocar umas idéias. Já te enviei o meu no comentário da postagem do vídeo abaixo. Abraços.
Ah, outra coisa: vi teu texto sobre a Canastra. A serra fica a três horas daqui, passando por São Sebastião do Paraíso, São Roque de Minas, etc. Eu quase estive lá há uns seis meses atrás mas houve um contratempo. Sabe, é um sonho meu chegar até lá nem que seja só por um fim de semana, e fruir, fotografar. Grande abraço.
Ooi, parabéns pelo blog gostei de verdade..
Um abraço
Cada vez que entro aqui saio feliz. Teus poemas são puro êxtase!
um abraço
Marisete zanon
Estes, cumpriram - com louvor - suas funções.
beijos
Deepois do comentário do Pimenta, nada resta a dizer, senão belíssmo. Bj
Mas os teus poemas cumprem todos essa magnífica função.
Um beijo meu
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