sexta-feira, 3 de julho de 2009
Lenda da Igreja Matriz de Paraty
A SERPENTE E MENINO
A serpente dorme sossegada
Sob o chão da velha igreja.
De seu sono de fábula
Não acorde a serpente prateada.
Essa serpente um dia foi um menino
Abandonado pela mãe.
O menino mamou o leite da Virgem,
Transformou-se na serpente adormecida
Deitada no lençol de terra fofa
Da igreja maternal.
Não acorde a serpente furiosa
No seu leito de penas de anjos brancos.
Olha a serpente! Com o rabo e os dentes
Vai derrubar a igreja no mar.
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Quem conta um conto aumenta um ponto, mas eu estou apenas cantando uma lenda maravilhasamente terrível como o povo conta: um menino foi abandonado no porão da Igreja Matriz Nossa Senhora do Rosário, de Paray, mamou nos seios da Virgem Maria e transformou-se numa serpente. O poema tem um ano, a lenda é secular, a serpente ainda dorme sossegada. Que a Flip não faça muito barulho!
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10 comentários:
delícia de lenda e de soneto...
José Carlos Brandão, VOC6E FEZ O MÁXIMO DENTRO DA POESIA, CONTOU UMA LENDA EM VERSOS NUM SONETO, QUE MOMENTO GRANDIOSO, MEUS PARABÉNS...
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Efigênia Coutinho
Adoro essas lendas e seu poema ficou um primor.
Bjs.
Estive em Paraty semana passada e realmente vi essa igreja, mas não sabia da lenda. Adorei saber e mais ainda seu poema. Beijo.
“O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.”
(Fernando Pessoa)
Desejo um lindo final de semana com muito amor e carinho.
Abraços
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Tem homenagem para vc lá no blog.
Bjs.
Virgem e serpente, símbolos de nosso imaginário, os extremos em que vivemos. Belo poema, sugestiva a lenda. Grande abraço
Nossa! Existem muitas lendas por esse Brasil afora e essa eu não conhecia. Ficou perfeita em forma de poema. A imagem é muito bela também.
Bom domingo.
Bjão!
Uma serpente sem veneno.
Boa semana.
Beijinhos.
A lenda contada não tem informações corretas: primeiro a matriz é de Nossa Senhora dos Remédios, e não do Rosário, que era a igreja dos escravos. E a criança em questão não teria sido enterrada no porão, e sim no cemitério que existia ao lado da Igreja matriz.
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