quinta-feira, 9 de julho de 2009
Dois sonetilhos do falso
RETRATO
Em presságio e astúcia
Teço a minha angústia,
Rebeladas tochas
Acendo nas rochas
Da minha cratera
De sombras e febre.
Ó festa de sustos,
Luzes, quedas bruscas,
Ó tempos confusos,
Ó vácuos, ó fusos,
Imagem secreta
Em que se enovela
Esta minha musa,
Verdade profusa.
OS OFÍDIOS
Na concha das noites,
Sendas do olvido
E breus do ofício,
A cruz e os açoites,
Perdemos o lenho
Do sonho que somos,
Sem vôo no espelho
Que o recomponha,
Mas prosseguimos,
Solertes ofídios,
No pó que fala.
Perenes, eternos,
Nós voltaremos
À carne da alma.
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Drummond publicou um "Sonetilho do falso Fernando Pessoa".
Eu venho com dois, mas apenas sonetilhos do falso - e a lembrança respeitosa de Pessoa e Drummond.
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9 comentários:
Olá, mestre JCB!
Retrato deixa um clima no ar... Talvez como um retratista tirando foto de Carlitos e revelando Dummonditos.
Nos ofídios, pó que fala e carne d'alma são peçonhas grotescas de lindas.
Parabéns, melhor do que esses tais de Pessoa - pleno de outros - e o lá das sete faces... Melhor, não, parelhos...
Abraço do seu amigo medievalesco.
Drummonditos - sorry!
Poderiam se chamar: sonetilhos das verdades profusas... Lindos, JC!
abraços!
Muito lindo! Aqui em Itabira respiramos Drummond em toda parte.
Sobre o outro post, Sacramento é a terra da minha sogra.
Bjs.
Verdades profusas, com certeza.parabéns
Nós voltaremos à carne da alma pois disso fomos feitos, do sopro no barro, imagem que o Intraduzível gerou. Muito belo o sonetilho 'Os Ofídios'. Grande abraço, meu caro amigo.
Adorei. Muito interesantes e fazem pensar. De falsos nada têm. Beijo.
de como questionar a teoria da falsidade...
bela homenagem a dois grandes "fingidores"
ABRAÇO
e eu ....
peço desculpa de aqui voltar.
mas já não é fingível que aqui não deveria estar.
.
mas gosto de o ler. hoje recomentei para fingir que não sei ler.
cumprimentos.
respeitosos.
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