domingo, 26 de julho de 2009

Beira-rio



A formiga se ajoelha para o tamanduá.
Sobe um gemido de princípio de mundo,
do monjolo monótono moendo a estrada.
Cupim-menino estuda arquitetura.

A margem do rio linda com a aurora.
Chove no meu olho a cor das coisas sem nome.
A garça se equilibra no brilho da água.
O rio transborda de pétalas e penas.

Mulheres e porcas estão parindo.
O azul relincha no dia das potrancas.
Uma vaca morta vem navegando

com o seu urubu-pirata em cima.
Emas no capinzal tinem as esporas,
num vôo rasante contra os tições do sol.

15 comentários:

BAR DO BARDO disse...

Mas isso não é um soneto - é um filme...

Muito bom!
Olho-câmera de cineasta brabulento...

EVOÉ!

Art'palavra disse...

A margem do rio linda com a aurora.
Chove no meu olho a cor das coisas sem nome.
A garça se equilibra no brilho da água.
O rio transborda de pétalas e penas.

...a vida brota das águas e se faz poesia e a cada dia se renova. Que linda poema cheio de vida! Parabens, mestre Carlos Brandão. Bjos, Grauaninha

Adriana Godoy disse...

Concordo com o Pimenta...e que belo filme. Muito lindas as imagens que provocam seus soneto. Parabéns. Bj

Sueli Maia (Mai) disse...

E os HOMENS, os entes, as coisas, e as imagens que a minha memória evocou a partir deste teu texto, transformaram em um roteiro onde o tema é a vida.

Abraços,

Graça disse...

Magnífica descrição... quase visível. Esse é o dom das palavras.


Um beijo meu

nydia bonetti disse...

É o rio contando histórias... Que beleza, JC.
boa semana!
beijos

Fernando Campanella disse...

A paisagem que mais me parece um rio da memória onde o princípio, o processo e o fim se mostram. Belas imagens. A memória de quando as coisas não tinham nome. Muito bonito. E que foto bonita também. Grande abraço, parabéns pelo lindo poema. Tuas emas vivem à luz.

EDUARDO POISL disse...

A qualquer hora em que chegares,
sentarás comigo à minha mesa.
A qualquer hora em que bateres a minha porta,
o meu coração também se abrirá.
A qualquer hora em que chamares,
eu me apressarei.
A qualquer hora em que vieres,
será o melhor tempo de te receber.
A qualquer hora em que te decidires,
estarei pronto para te seguir.
A qualquer hora em que quiseres beber,
eu irei a fonte.
A qualquer hora em que te alegrares,
eu bendirei ao Senhor.
A qualquer hora em que sorrires,
será mais uma graça que o senhor me concede.
A qualquer hora em que quiseres partir;
eu irei à frente nos caminhos.
A qualquer hora em que caíres,
eu estenderei os braços.
A qualquer hora, em que te cansares,
eu levarei a cruz.
A qualquer hora em que te sentires triste,
eu permanecerei contigo,
A qualquer hora em que te lembrares de mim,
eu acharei a vida mais bela.
A qualquer hora em que partires,
ficarás com a lembrança de uma flor.
A qualquer hora em que voltares,
renovarás todas minhas alegrias.
A qualquer hora que quiseres uma rosa,
eu te darei toda roseira.
Eu te digo tudo isso, porque não posso imaginar
uma amizade que não seja toda,
de todos os instantes e para todo bem.

by: Cid Moreira

Desejo uma linda semana com muito amor e carinho.
Abraços
Eduardo

(CARLOS - MENINO BEIJA - FLOR) disse...

Eu estava buscando uma definição, mas meus amigos acima,foram bem felizes; um filme. Fiquei imaginando cada cena sabiamente descrita aqui. Gostei muito dos paralelos, fazendo o antagônicos caminharem juntos: mulheres e porcas parindo; o rio transborda de pétalas e penas. Perfeito! Um abraço

Patrícia Lara disse...

Olá!

Cheguei ao seu blog por meio do blog da Maria Maria.

Tudo muito lindo por aqui. Gostei!

Voltarei mais vezes.

Um abraço,
Patrícia Lara

lili laranjo disse...

meu amigo
dia do livro e do escritos são dias especiais
deixo um beijo



LIVROS

Livros e árvores…
Com folhas muitas folhas…
Folhas soltas e coladas…
Agarradas ao seu tronco…
E como tudo na vida…
As folhas são fortes e seguras…
E nessa fortaleza e segurança…
Sentimos a segurança da vida…
Mas sem querer…
As folhas soltam-se e voam…
E saem sem pedir…
E correm o mundo e só assim:
Vêm que foi, bom descobrir
Mas para isso foi preciso…
Andar, correr, sorrir e sofrer…
E ao sofrer e sorrir…
Conseguimos fazer o que sonhávamos…




Lili Laranjo

Fernando Campanella disse...

Bom dia, Brandão, vim ao teu espaço novamente, reli, várias vezes o poema, e , sabe, a cada leitura, novas percepções. O que me encanta nele é o surrealismo, a transfiguração da tarde, com imagens , como eu disse no comentário anterior, que remetem à construção da vida e ao fim. Beira-rio, beira-alma, bela tarde transfigurada.
Estou com minha conta do yahoo bloqueada, por isso não tenho enviado e mails pra vc. Disseram que vão restaurá-la hoje, então, continuaremos nosso papo. Grande abraço, meu caríssimo amigo.

Anônimo disse...

Que beira de rio mais bem escrita!!!

Murilo Hildebrand de Abreu disse...

José Carlos,

fico muito surpreso e feliz com a sua visita a meu blog. Morei em Bauru e aí tive a sorte de conhecer e adquirir alguns de seus livros, verdadeiros chamados à nossa poesia mais primeva.

Obrigado e espero poder receber a sua visita mais vezes. Estarei sempre aqui, admirando suas palavras, elogios à beleza.

Almirante Águia disse...

Os olhos pedem belas paisagens
O peito cobra por novos sentimentos
vem a poesia expondo bons momentos.

Grande Abraço