



DIANTE DO UMBRAL
Passo a mão pela fronte
E reconheço a noite nos olhos escuros.
Diante do umbral
Com a chave na fechadura
Tenho a dor do homem nos ombros
E sucumbo.
A máquina do mundo gira nos gonzos,
As águas da memória transbordam.
Teço a teia da minha fábula,
Suplico a Deus que me anule.
O pesadelo não termina no labirinto.
Entro e saio do espelho,
Sou sempre outro.
De bruços na metáfora, colho o universo.
O MONUMENTO
Construo um monumento de cristal
Com as minhas mãos nuas.
É ilusório o mundo que conhecemos.
Quem pagará o preço do esquecimento?
Perdido no claustro terrível,
Desenrolo o novelo da pirâmide.
Sou o mesmo sonho desdobrado.
A fonte rumoreja infinitamente.
De quem é essa voz que canta?
Quem toca essa música no labirinto?
Tenho trinta moedas na cintura
E sangro no abismo.
Adivinho nos olhos do falcão
Como é longa a eternidade.
PRIVILÉGIO
As pétalas de uma estrela
caíram no meu jardim
e brilham ainda.
____________________________
O título desta página é A Teia de Aranha justamente para chamar a atenção para as fotos, mais que para os poemas. Fica o dilema: Quem é o autor? A Sônia e eu fotografamos com a mesma máquina, um depois do outro, e no fim fica difícil saber quem fotografou - os nossos estilos (ou falta de, eu diria, no meu caso - mas aí complica), também na fotografia, se parecem. Vamos dizer que a maioria das fotos são da Sônia, que se dedica mais à fotografia que eu, mais preguiçoso.