O tear
Estou no meio da ponte, olhando o rio.
As águas negras regurgitam lá embaixo
como um pulmão.
As árvores, as estrelas e os peixes pulsam.
A mulher tem um pinheiro na língua e canta.
O menino relincha como um cavalo.
Eu sou esse menino.
Uma sereia se admira no espelho d’água.
Contemplo o espetáculo do mundo.
Os cães disputam o osso da tarde.
A sombra é pouca para tanta luz.
É minha a paisagem.
O tear tece a trama de Deus.
Vai nascer o pássaro do êxtase.
Eu sigo arando a terra com a palavra.
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