sábado, 27 de setembro de 2025

O tear

 


 

O tear 

 

 

Estou no meio da ponte, olhando o rio.

As águas negras regurgitam lá embaixo

como um pulmão.

As árvores, as estrelas e os peixes pulsam.

 

A mulher tem um pinheiro na língua e canta.

O menino relincha como um cavalo.

Eu sou esse menino.

Uma sereia se admira no espelho d’água.

 

Contemplo o espetáculo do mundo.

Os cães disputam o osso da tarde.

A sombra é pouca para tanta luz.

É minha a paisagem.

 

O tear tece a trama de Deus.

Vai nascer o pássaro do êxtase.

Eu sigo arando a terra com a palavra.

 

 





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