MORANGOS SILVESTRES
O professor
Isak Borg vê em sonho um relógio de parede
sem ponteiros.
Sua mãe de 96
anos mostra-lhe um relógio de bolso
também sem
ponteiros.
Ela é uma
mulher enfadonha mas não morre.
Ele está
melancólico sob as árvores.
Descobriu que
sorrir dói.
A lua tem uma
cara triste, enfezada.
Ele olha os
pássaros negros em debandada sobre as árvores.
Não vê a
bactéria no microscópio.
A paciente
morta gargalha.
Quem é mais
idiota, a fé ou a razão?
O professor Isak
Borg ouve o silêncio
Tudo foi
dissecado
Não há perdão
Não restou
nenhum morango silvestre.
José Brandão
“Morangos
silvestres” é um filme essencial de Ingmar Bergman, de 1957.
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