A Ponta da Praia
Morei na Ponta da Praia, em Santos. Todos os dias via essa paisagem deslumbrante de sal e ar, de um perfume peculiar nas coisas. Imagino um cachorro balançando o rabo de um lugar para o outro, as narinas erguidas como a sorver a manhã. Um velho vem, uma jovem vai, uma criança para como se estivesse encantada.
E eu não estou mais lá. É como se minha saudade ainda perambulasse por aquelas muradas, contemplando o Forte, a praia da Pouca Farinha, os barcos que vão e vêm como se navegassem no ar.
Ali perto está a Escolástica Rosa, que me acolheu por tantos anos, e que eu não devia ter abandonado. Ah, meus meninos que mergulharam no abismo do passado para não me encontrar nunca mais.
Alguns alunos internos pegaram um barco emprestado e foram fazer molecagens no alto-mar, mas um deles (o Wilmar, que tinha o apelido de Sapo) não voltou nunca mais.
O silêncio na água.
O voo do adolescente –
viagem sem regresso.
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