A REALIDADE E A IMAGEM
D’après Manuel Bandeira
Não vejo o
céu azul refletido na poça d’água.
Não vejo as
nuvens brancas refletidas na poça d’água.
Não vejo o
edifício refletido na poça d’água.
Não vejo o
varal com as suas roupas coloridas refletido na poça d’água.
Não vejo as
abelhas, as borboletas, as libélulas e os mosquitos
refletidos na
poça d’água.
Não vejo o
mendigo, o menino, o homem que xinga o mundo, a jovem
de saltos
altos, a jovem de botas de canos altos, não vejo ninguém
refletido na
poça d’água.
Não vejo a
minha face refletida na poça d’água.
Não vejo o
mundo refletido na poça d’água.
Não vejo a
vida refletida na poça d’água.
Não vejo o
cachorro bebendo a água da poça d’água que não reflete
nada.
A poça d’água
está barrenta, suja, feia e não reflete nada.
E eu
simplesmente estou vendo a vida que não é refletida, que não é
refletida na
poça d’água.
6 comentários:
Amei Brandão!
Obrigado, Claudia.
Lindo.
Grato, Adriane.
Olá, José Carlos poema tão real, traz tantas saudades das imagens que víamos. Era tão prazeroso como deitar na relva e ver imagens nas nuvens, quanta coisa se via... E imagens que se apagaram dos nossos dias. Adorei!
Gostei da cara nova do blog!
Grande abraço, amigo, saudades daqui também.
Caro Brandão estamos há algum tempo sem nos visitarmos, mas sempre é tempo para se rever os amigos. Neste retorno encontro o poema de Manuel Bandeira, um dos meus poetas favoritos.
Um grande abraço.
Pedro
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