sexta-feira, 24 de outubro de 2014

A CORUJA






A CORUJA


No meu olhar o espelho do animal
agonizante. Por que morrerei?
O que farei da imagem perecível
sem destino na noite do universo?

De que me vale o olhar, preciso, inciso
na carne, no íntimo do que me fiz?
O que sou mais que imagem de uma imagem?
A cor do ouro que vejo, e deixo ver,

encanta e engana. A vida é cinza e sombra.
O que resta de mim além da casca?
Cai do relógio a música do efêmero,
e cego com a luz, os estilhaços

do cristal que me ferem e iluminam.
O abismo dói. De que me vale o sonho,
a beleza, o absoluto? Amanho o medo
da dor que me alimenta e me assassina. 






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