A POESIA NÃO TEM TEMPO PARA SALVAR O MUNDO
A poesia não tem tempo para
salvar o mundo.
O sol não se levanta para todos,
há muitas vítimas que nunca mais
verão a luz do sol.
Tudo acontece ao mesmo tempo:
quando vemos, já está na hora de
morrer.
As guerras apressam a morte que
tinha que vir,
as guerras ou a peste, tudo dá na
mesma.
Pisei numa pétala de rosa caída
no caminho,
se não pisasse ela morreria de
todo jeito.
A poesia não tem tempo para
salvar o mundo.
As crianças morrem, os velhos
morrem, os homens e as mulheres morrem.
O poder, os governos, os
políticos matam mais do que qualquer peste.
Eu quero ouvir o canto de um
pássaro, admirar a beleza das suas penas,
mas quando vejo, o pássaro com
seu canto e sua beleza estão mortos.
Eu vi uma cabeça de mulher
esmagada, a língua ainda dizendo o nome de Deus.
Eu vi uma criança agonizando com
uma boneca ensanguentada nas mãos.
Eu vi um jovem soldado com sangue
escorrendo da boca.
Eu vi um oficial ferido, sem
forças para falar, mas ainda dando ordens de morte.
A poesia não tem tempo para
salvar o mundo.
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