quarta-feira, 9 de julho de 2014

A POESIA NÃO TEM TEMPO PARA SALVAR O MUNDO









A POESIA NÃO TEM TEMPO PARA SALVAR O MUNDO

A poesia não tem tempo para salvar o mundo.

O sol não se levanta para todos,
há muitas vítimas que nunca mais verão a luz do sol.
Tudo acontece ao mesmo tempo:
quando vemos, já está na hora de morrer.
As guerras apressam a morte que tinha que vir,
as guerras ou a peste, tudo dá na mesma.
Pisei numa pétala de rosa caída no caminho,
se não pisasse ela morreria de todo jeito.

A poesia não tem tempo para salvar o mundo.

As crianças morrem, os velhos morrem, os homens e as mulheres morrem.
O poder, os governos, os políticos matam mais do que qualquer peste.
Eu quero ouvir o canto de um pássaro, admirar a beleza das suas penas,
mas quando vejo, o pássaro com seu canto e sua beleza estão mortos.
Eu vi uma cabeça de mulher esmagada, a língua ainda dizendo o nome de Deus.
Eu vi uma criança agonizando com uma boneca ensanguentada nas mãos.
Eu vi um jovem soldado com sangue escorrendo da boca.
Eu vi um oficial ferido, sem forças para falar, mas ainda dando ordens de morte.

A poesia não tem tempo para salvar o mundo.





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