domingo, 30 de junho de 2013

ARS POETICA - Archibald Macleish



ARS POETICA 


Um poema devia ser palpável e mudo
Como um fruto polpudo

Surdo
Como velhos medalhões de chumbo

Silencioso como a pedra gasta pelo uso
No peitoril das janelas onde cresce o musgo –

Um poema devia ser sem palavras
Como o voo das aves

Um poema devia restar imóvel no tempo
Enquanto a lua ascende

Deixando, enquanto a lua liberta
ramo a ramo o arvoredo noturno-emaranhado

Deixando, como a lua detrás das folhas invernais,
Lembrança por lembrança, a mente –

Um poema devia ser imóvel no tempo
Enquanto a lua ascende

Um poema devia ser igual a:
Não real

Por toda a história da dor
Um portal vazio e uma simples flor

Para o amor
A relva inclinada e duas luzes sobre o mar

Um poema não devia significar
Mas ser
 

Archibald Macleish
(1926)
 
(Tradução: Luiz Roberto Guedes)


 


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