quarta-feira, 17 de março de 2010

A origem do poeta




Ele era nosso pai

Ele contava histórias e ele plantava árvores.
Um dia viu uma cobra à beira do caminho,
Aninhou-a no peito, dormiu com ela,
Acordou irmão das árvores e dos bichos.

Desceu ao fundo do rio atrás de uma concha,
Voltou com nove filhos e uma mulher nos olhos.
Dizem que somos frutos de uma ou nove árvores,
Somos peixes das águas, que a dor humaniza.

Nosso pai dominava os cavalos selvagens,
Conversava de longe, acariciava as crinas.
Dizem que relinchamos alto na alvorada.

Nosso pai conhecia a voz da terra e do sol.
Tinha uma cobra no peito quando cavalgava
Tocando o berrante com um som de água verde.

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8 comentários:

Eliana Mora [El] disse...

fazia um ninho,
e deitava aí, neste poema.


beijo.

Elma Carneiro disse...

Bom dia José Carlos
O poeta e a poesia está em todo canto do mundo.
Grata pela visita, e, lhe garanto que você não provou do pequi bem feito por isso não gostou. Pouca gente sabe fezê-lo como deve. Quando bem cozido ele tem outro aroma e gosto. Na próxima postagem vou falar dessa fruta e dar minha receita.
Um beijooo

Adriana Godoy disse...

Muito linda essa história, essa lenda, esse poema. Um retorno às origens, à natureza. As imagens ficam no coração. beijo.

Marcelo Novaes disse...

Brandão,





De nobre e telúrica ascendência, o poeta. Vc repaginou Cernunnos, e um antigo celta [ou druida] sorriria, identificando-se à mesma linhagem...








Abração.

Sonhadora (Rosa Maria) disse...

Meu am8igo
Que lindo e profundo poema, gostei muito...a natureza grita nele.

Beijinhos
Sonhadora

Henrique Pimenta disse...

... Rimbaud se realiza nocê...

nydia bonetti disse...

Somos peixes alados - e verdes. Podemos rastejar ou galopar. Seremos sempre filhos do mesmo Pai, aninhados no colo da mesma mãe - Terra.

Precisamos cuidar da Mãe, que o Pai nos cuida.

beijo, Brandão.

Fernando Campanella disse...

É muito bonito esse poema, Brandão. Há um quê de mitolótico nesse grande pai de todos nós. Um abraço.