quinta-feira, 4 de junho de 2009
Poemas breves
O CARAMUJO
O caramujo
entre as pedras e as flores
dorme a meu lado.
ASSASSINATO
Matei a lagarta
e a rosa vermelha
na minha roseira.
A VELA
A vela entre as flores
do altar na colina
queima em silêncio.
NA ESTAÇÃO
Murcha nas ruínas
da estação de trens
um ramo de flores.
A PAPOULA
A papoula floresce
nos meus olhos loucos
e morre.
A SOMBRA
Na sala vazia,
no espelho quebrado,
cai a sombra.
A RÃ
Uma rã coaxa
namorando a lua
na minha lagoa.
O CAVALO
Caído num buraco,
o cavalo morreu
de velhice.
OS CACHORROS
As casas no escuro
e os latidos dos cachorros
sob a chuva.
O LIMO
O limo escorrendo
no muro do quintal.
Saudades da infância.
A LAGARTA
A lagarta carrega
uma flor nas costas,
torta de dor, ao sol.
A ARANHA
Matei uma aranha
na parede da varanda.
Fiquei mais só ainda.
O RATO
Deitado na rede,
fiquei ouvindo um rato
que chiava no escuro.
O CACHORRO
Encontrei o meu cachorro
no cemitério entre os túmulos
a minha espera.
O COGUMELO
Vida branca ao sol,
cresce o cogumelo
entre os sabugos, no pasto.
A TAMPA
A tampa cobrindo
nada, nenhuma aparência,
enterrada no canteiro.
O PENSADOR
Macaco diante da morte,
em solidão no universo,
o homem pensa há muito tempo.
O REI E O POETA
O meu reino por um cavalo!
O meu reino por uma palavra!
A diferença entre o rei e o poeta.
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“Poemas breves” é o título de uma das seções com... poemas breves, oras – de um livro com meus melhores poemas dos últimos 20 ou 30 anos que pretendo publicar, não sei se ainda este ano.
“Poesia mínima” é muito bom – e eu terei umas três seções de poemas breves nesse livro... – mas explica muito já no título.
Gostei do nome “poemínimos” – mas até uma antologia de poemas de Beckett em português tem esse título. E vai lembrar “poesia mínima”, “minimalismo”, teorias sobre a poseia com o mínimo de recursos – que pode ser o que tento fazer, mas não preciso confessar já no título.
“Poemas breves” me parece o ideal – não diz nada, apenas que são curtos.
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10 comentários:
qualquer q seja o título, eu vou querer o livro. faço já a minha reserva:)
beijo
Brandão,
seus "poemas breves" possuem uma linha condutora que é, ao meu ver, o esteio de um grande poema em doses homeopáticas que tratam do tempo e da natureza como metáfora desta reflexão, sempre o Tempo que nos leva a solidão, a morte, ao pensamento, a ação ou imobilidade.
Parabéns pela obra
abraços de Brasília
Puxa é muito gostoso experenciar imaginários e arquétipos tão profundos, aí disponíveis, mas antes não visitados pela minh'alma. Gostei dessa silhueta que sobressaiu sobre a vida do cavalo. Ora, o fato dele morrer de velhice e não pela queda me chamou bastante a atenção. Me lembra o seguinte: Uns passam pela Terra e continuam num sono profundo, desde que vieram, outros vivem. Vivem do primeiro suspiro ao casulo, e do casulo à libertação da borboleta, numa continuidade infinita.
Poemas podem ser curtos, mas as reflexões que provocam são bem intensas.
Bjs.
P.S: vou querer o livro tb.
Sorri quando a dor te torturar
E a saudade atormentar
Os teus dias tristonhos vazios
Sorri quando tudo terminar
Quando nada mais restar
Do teu sonho encantador
Sorri quando o sol perder a luz
E sentires uma cruz
Nos teus ombros cansados doridos
Sorri vai mentindo a sua dor
E ao notar que tu sorris
Todo mundo irá supor
Que és feliz
(Charles Chaplin)
Desejo um lindo final de semana com muito amor e carinho.
Abraços Eduardo Poisl
Eu chamo-lhes poemetos.
Até já publiquei um livro.
Gostei dos seus.
Um abraço
O meu reino por um cavalo!
O meu reino por uma palavra!
A diferença entre o rei e o poeta.
Majestosos os seus poemas; só um poeta-rei!
Parabéns!
Gostei de todos!
Abraços poema,
jhs
quintana chamava aos seus de "os meus poeminhos" - eu gosto do natural, poeminhas.
vc escolheu bem, entanto, poemas mínimos, less is more.
bom, bom. bom.
eu li, sim, mas não li o que estava escrito... enfim, dei a minha opinião: poemas mínimos.
ri ri ri!!!
(o do cavalo é de fazer chorar).
Olha só...adorei! Esses poeminhas nos dizem tanto!!! Beijo.
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