sábado, 6 de junho de 2009
O abismo
O abismo das estrelas, o abismo do mar, o abismo.
Sempre estamos no abismo, irremediavelmente.
Com o silêncio das estrelas, dentro de uma concha.
Ouvindo o grito agônico de uma gaivota ferida.
Quem somos, quem seremos, quem fomos? Memória.
Somos (seremos, fomos) escravos do tempo cruel.
Girando as engrenagens do relógio, nosso domicílio.
Não somos mais que um peixe fora d’água, esperneando.
E vivemos perdidos dentro desse peixe, nosso universo.
Sufocamos sem ar no escuro desse peixe impossível.
A vida é impossível, sabemos. A concha e as pérolas.
O que vemos além das estrelas? Além do mar original?
Nós esperamos uma resposta, mas Deus, magnânimo,
Criou-nos livres como gaivotas voando sobre o abismo.
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12 comentários:
Olá, Mestre!
"Não somos mais que um peixe fora d’água, esperneando." - isso é engraçado...
O que vemos além das estrelas? Além do mar original?/
Nós esperamos uma resposta, mas Deus, magnânimo,/
Criou-nos livres como gaivotas voando sobre o abismo. - isso é Graça...
Seu texto é inclassificável de bom!
A inveja é minha, só minha!!!
- HP
Muito bonito amigo!
Bjs.
"Conte a sua história ao vento,
Cante aos mares para os muitos marujos;
cujos olhos são faróis sujos e sem brilho.
Escreva no asfalto com sangue,
Grite bem alto a sua história antes que ela seja varrida na manhã seguinte pelos garis.
Abra seu peito em direção dos canhões,
Suba nos tanques de Pequim,
Derrube os muros de Berlim,
Destrua as catedrais de Paris.
Defenda a sua palavra,
A vida não vale nada se você não
viver uma boa história pra contar."
(Pedro Bial)
Na impossibilidade de entrar em detalhes, como eu gostaria imensamente como todos amigos que tenho, venho trazer um pouco de poesia e desejar que seu domingo, sua nova semana seja de mil cores, que tenhas muitas alegrias!
Um abraço
Sônia
Nós esperamos uma resposta, mas Deus, magnânimo,
Criou-nos livres como gaivotas voando sobre o abismo.
SAUDOSAMENTE DE SUA POESIA, ONDE AMANHEÇO DENTRO DOS SEUS VERSOS , LEVE, LIVRE E SOLTA, BOM DOMINGO,EFIGÊNIA COUTINHO
Entre o abismo e nós há uma infinidade de indagações...se há respostas não sabemos...mas o poema é belo. Beijo.
Acho que esse é nosso medo e ao mesmo tempo nossa maior motivação: voamos sobre um abismo. desconhecido, sem direção e sem tempo determinado para avistá-lo!
Seria essa a magia ou a maldição?
beijo grande
Mergulhemos no abismo. Somos livres. Mas o que é o abismo, para quem sabe voar...
beijo
Boa noite, Brandão. Deus criou-nos como gaivotas livres voando sobre o abismo , ou como girassóis atônitos em um carrossel. Envio-te um poema que fiz:
ISENTO
Mira-te pelo calendário das flores
Que são só viço e esquecimento.
Desprende-te dos ofícios do dia,
Apaga os números, os anos e anos,
Releva a data de teu nascimento.
E assim, por tão leve sendo,
Por tão de ti isento,
De uma quase resistência de pluma,
Abraça o momento,
Toma por bagagem os sonhos
E apanha carona no vento.
(Fernando Campanella)
Grande abraço, meu novo amigo. Gostei muito de tua poesia, muito lindo o Tempo Pascal.
Caro Brandão,
Tudo isso é um pouco do absurdo que compõe nossas vidas, tema explorado na literatura, com maestria, por Franz Kafka, que teve por seguidor nada menos que Albert Camus, que o abordou com brilho na literatura e também na filosofia.
Um abraço.
Belas reflexões de com grande profundidade.
"O que vemos além das estrelas? Além do mar original?"
Gosto de ler você.
Obrigada pela visita no Caliandra, obrigada pelas suas palavras.
Bom que tenha gostado.
Bjs
Olá José Carlos, tudo bem?
Engraçado, não consegui entrar no outro blog seu, parece-me que precisa de autorização, é isso?
Olha, acrescentei esse seu blog entre os meus favoritos, pode ser visto do lado esquerdo do meu. Iria fazer o mesmo com o outro, mas o acesso à ele me foi negado.
Quando puder dê um pulinho em minha página e confira, por favor!
Forte abraço...
Edward de Souza
Caro José,
Este seu soneto é belíssimo.
Deus "Criou-nos livres como gaivotas voando sobre o abismo."_____ adorei!
Beijo e bom domingo
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