quarta-feira, 1 de abril de 2009

Inutensílios







A chaleira vermelha, com pintinhas
brancas, aqui e ali descascada e amassada
como a lembrar o estrago do tempo cruel,
tem o cabo quebrado preso com arame.

O bule azul com suas flores brancas,
pintas vermelhas e pistilos amarelos
na folhagem de um verde-escuro triste,
exibe as marcas das pancadas e a ferrugem.

O lampião dependurado no alto
ilumina o passado dentro do presente.
Apresenta-se novo como o tempo

e antigo como a eternidade lívida.
Que mão brejeira reuniu objetos
perdidos para a forma do essencial?

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"Inutensílios" é um termo cunhado pelo grande Manoel de Barros.

12 comentários:

BAR DO BARDO disse...

MB mora em Campo Grande, também

Teu soneto está supimpa!!!

Unknown disse...

Não conheço Manoel de Barros.. mas adoro estes "Inutensílios",

beijo

alexandra disse...

Muito belos os teus "Inutensílios"!


Beijo.

nydia bonetti disse...

Grande Manoel de Barros, inventor de palavras...
Adoro, bules, chaleiras e lampiões, JC. Costumo dizer que já nasci velha. Gosto de tudo que é antigo. "Se demoro a morrer, morro no tempo certo: antiga, como sempre vivi."
bjs.

Cris Animal disse...

Tudo aqui é poesia...
Tudo aqui trás calma, trás a sensação de vento batendo no rosto e cheiro de mato misturado com o café da tarde....rs
Tudo aqui é tão coração, tão seu!

Algumas coisas, não dá pra comentar!
Sente-se...

beijos
.............Cris Animal

Adriana Godoy disse...

As fotos remetem a tantas lembranças... aliás, boas lembranças. Já tive um bule igual a esse verde de florzinha branca, com seis canequinhas.

Seu soneto casa perfeitamente com as imagens e sugere lembranças, passado, aconchego. São inutilidades úteis e que de certa forma colorem a vida.

Manuel de Barros sabe das coisas. Velho e magnífico poeta.

Vou dormir hoje mais leve. Obrigada. Bj

Zani disse...

Nossa muito legal voltar ao tempo!
Lembro que minha avó materna tinha um bule igual a esse,e o lampião também, só a chaleira que não era assim, era de ferro hehehehe própria para o fogão a lenha.
Um abraço

Beatriz disse...

Olá Jose!
Bom dia!!
Tb tenho um lampião, ao qual faço uso para lembrar velhos tempos, quando faltava a luz...meus pais usavam ... meus filhos olham de outro modo para esta luz...fica as memorias. Gostei das fotos e dos textos...gostei de te ler!
Deixo um beijo e o meu sorriso!
Bea

Tais Luso de Carvalho disse...

José Carlos:

Como adoro antiguidades e tenho muitas peças, vejo nesses ‘inutensílios’, história, romantismo e poesia; tudo vai direto às minhas lembranças que um dia foram de meus pais e de meus avós. Tenho o maior carinho por estes lampiões, chaleiras e bules que postaste. Traz saudade, apesar das pancadas e da ferrugem!

Adorei.Bom domingo!
Grande abraço
Tais luso

tchi disse...

...o essencial da forma...

por aqui se vai dissertando até às formas essenciais.

:)

maria josé quintela disse...

podem ser inutensílios mas são lindos. e só mesmo o Grande manoel de barros lhes poderia chamar assim.



um beijo.

Sabrina Davanzo disse...

Adoro tudo o que é velho, usado, gasto, antigo. Tem história, tem alma.

Um beijo!