O tempo me sustenta
O tempo me
sustenta. O tempo é o que o tempo quer ser.
Tenho o
tempo nas mãos como uma coisa,
como um
pedaço de argila que tento moldar.
É como se o
tempo fosse concreto, exato.
Espero como
quem sabe. Sofro e espero.
Não há muito
o que fazer. A casa está arrumada
como se
estivesse à espera da morte.
Minhas mãos tecem o tempo como uma rede
que se desfaz nó a nó, logo após ser tecida.
É preciso desfazer os nós da vida para depois viver.
Leio o meu poema antes que se desfaça como pó.
A cidade torna-se papel e se desfaz num átimo.
Procuro a minha sombra, como se a minha sombra me justificasse.
A cidade espera comigo, desfaz-se comigo.
O capim cresce entre as pedras, entre os vãos do asfalto.
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