domingo, 1 de dezembro de 2019

O TEMPO ME SUSTENTA





O tempo me sustenta


O tempo me sustenta. O tempo é o que o tempo quer ser.
Tenho o tempo nas mãos como uma coisa,
como um pedaço de argila que tento moldar.
É como se o tempo fosse concreto, exato.
Espero como quem sabe. Sofro e espero.
Não há muito o que fazer. A casa está arrumada
como se estivesse à espera da morte.
Minhas mãos tecem o tempo como uma rede
que se desfaz nó a nó, logo após ser tecida.
É preciso desfazer os nós da vida para depois viver.
Leio o meu poema antes que se desfaça como pó.
A cidade torna-se papel e se desfaz num átimo.
Procuro a minha sombra, como se a minha sombra me justificasse.
A cidade espera comigo, desfaz-se comigo.
O capim cresce entre as pedras, entre os vãos do asfalto. 





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