terça-feira, 21 de maio de 2019

Toada para matar a morte

                                                                                                                 Botero - Dançarinos



Toada para matar a morte


O cavalo queria ser um leão
para matar a morte.
O cão queria voar alto como a águia
para matar a morte.
O bezerro queria ser forte como o touro
para matar a morte.
A águia queria ser um cavalo, o leão queria
ser um cabrito, o touro queria ser uma andorinha
para matar a morte.
O cavalo queria decifrar o enigma da rosa,
para matar a morte.
A borboleta beijava os lábios da tarde
para matar a morte.
Os olhos enormes da libélula refletidos no lago
para matar a morte.
O baobá se ajoelha ao crepúsculo
para matar a morte.
Eu quero um martelo, um enxadão, um trator, um anzol
                                    para matar a morte. 




3 comentários:

rosa-branca disse...

Matar a morte... quem dera tal sorte. Beijinhos

José Carlos Brandão disse...

Somente na poesia. Grato. Beijinhos.

Tais Luso de Carvalho disse...

Adorei essa criação para matar a morte, José Carlos! Quem dera, isso é nosso maior drama, incompreensível e cruel. E com isso continuamos a perguntar que jamais teremos resposta: qual é o sentido da vida?
Um ótimo fim de semana.
Beijo