domingo, 1 de junho de 2014

PRELÚDIO (Cai a noite de junho na sarjeta)































PRELÚDIO


Cai a noite de junho na sarjeta,
Cheira a fritura, bacalhau, carniça.
Eu me encolho na minha capa preta
E desafio para a mesma liça

A cruz e a rosa, o abismo das estrelas.
Corre a vida encardida como um rio
Nevoento aos meus pés, sob as janelas
De ninguém, no universo vão, vazio.

O vento chicoteia o corpo inútil,
Com os círios do nada ele me invoca:
Queima a chama o silêncio que me impus.

O tempo que me resta a mais deglute-o
Uma voraz lagarta na sua roca,
Mas a rosa floresce sobre a cruz.







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