quarta-feira, 28 de março de 2012

POETA TEM QUE SOFRER, disse Millôr Fernandes




Eu acabava de ser apresentado a Millôr Fernandes, em 1991, como um dos poetas premiados na V Bienal Nestlé de Literatura Brasileira. Ele me bateu nos ombros, dizendo como quem consola: “Poeta não precisa ganhar prêmio. Poeta tem que sofrer.”

Pouco depois estava no Centro de Convenções Rebouças dando o seu depoimento diante de uma plateia atenta de umas duas mil pessoas. E qual era o tema? Não mais que o enunciado acima: “O poeta tem que sofrer.”

Era como se Millôr falasse para mim mesmo. Como se continuasse a conversa mal iniciada.

Ele me ensinava que os prêmios são um reconhecimento da obra que o poeta faria de qualquer maneira. Ou quase de qualquer maneira: antes é preciso sofrer.


Não me lembro de uma palavra desse depoimento, mas tinha aprendido o essencial. Somente se escreve criticamente.

Millôr se dizia um escritor sem estilo. Numa de suas últimas entrevistas disse que escrever é fácil. Basta ter o que dizer.

O humorista ou o poeta sentem a dor de viver. Depois, escrevem.


Um comentário:

Unknown disse...

Ele tinha razão sempre.

Beijos

Mirze