quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

O POSTE DE TOMAS TRANSTRÖMER





O POSTE DE TOMAS TRANSTRÖMER


O poste de ferro diante das ruínas da velha igreja
e nenhuma música.
O sol de metal sobre a montanha de pedra
queima os pássaros da morte.

Viver ou morrer com a relva que se alastra
no fundo do poço.
O silêncio do poema como um sinal de vida
antes da morte.

Descasquei a cebola torcendo o nariz.
Ganchos rasgavam a carne até o osso.
Uma a uma iam caindo as faces sobrepostas
alheias e ainda íntimas.

A cidade multiplica suas esfinges frias
pelas ruas iluminadas.
As sombras dançam com as magnólias, deslizam
gemendo sob uma lua de plástico.


12-23-2011   J. C. M. Brandão





Um comentário:

Bazófias e Discrepâncias de um certo diverso disse...

Caramba, fiquei pensando nessa cebola descascando, como se fôssemos nós a dita cuja. Estes dias fiz uma reflexão sobre poste de ferro também... abs Brandão! :D