terça-feira, 18 de maio de 2010

Canção do exílio




CANÇÃO DO EXÍLIO

A minha terra tem uma figueira
Na porta de casa, um cavalo inquieto
E os cachorros latindo para as vacas
E o meu pai apartando os bezerros.

As jabuticabeiras são infinitas,
O pomar tem todas as frutas
E todos os pássaros cantando.
Os sabiás, os melros, os canários

Disputam quem canta mais alto.
O sanhaço lambuza o bico no mamão.
O cafezal e o terreiro de café,

O milharal e a mata à beira d’água
Me lembram que eu sou criança ainda
Com a cara lambuzada de terra vermelha.

________

Dia 12 último fui visitar a casa da minha infância.
Continua lá. Caiu um raio em cima da figueira, não está
mais inteira, mas continua lá.

13 comentários:

Anônimo disse...

Bonito poema-ode!

Beijos.

Art'palavra disse...

Amigo Mestre Brandão: linda a sua canção do exílio. Acho que todos deveriamos construir um exercicio assim para sairmos do desaqssossego no encontro do rio da memória. Parabens, parabens.

rosa-branca disse...

É amigo as nossas lembranças ficam e as coisas embora desgastadadas continuam no mesmo sitío, só que nós, não somos mais os mesmos. Beijo meu

Luiza Maciel Nogueira disse...

Se lambuzar de terra lembra a infancia, aquelas memórias de brincar e ser um bocado livre de obrigações. Eita tempo bom que a criança se diverte com tudo e tudo vira brincadeira.

Beijos

Graça Pereira disse...

Querido Amigo
A tua canção do exílio...lembra a minha! Tiveste a felicidade de voltar á casa da tua infância...sentir os cheiros...ouvir os sons...imagino a tua emoção!
Eu...é mais dificil voltar á minha...fica do outro lado do mundo... e eu não canto...eu vivo o exílio!!
Beijos
Graça

Rosa Leda disse...

Fico fascinada com a síntese dos poetas. Anos e anos de memória em poucos versos... Gostei muito.

Lídia Borges disse...

Bonito este seu poema,em diálogo com a canção do exílio de Gonçalves Dias.
Na verdade uma parte de todos nós é exílio. Já é uma sorte se não temos de estar exilados de corpo e alma.

L.B.

dade amorim disse...

Um exílio por assim dizer universal, esse que nos expulsa da infância, da casa onde crescemos, das primeiras impressões. Deve ser mais difícil ainda ficar longe dessas árvores, desses animais, do canto de tantos pássaros. Mas dá um poema e tanto.

Beijo.

Adriana Godoy disse...

Voltar à casa que ainda existe, mesmo que com a figueira queimada é uma dádiva. JC, mais uma vez, você nos faz viajar por um mundo tão distante, mas tão possível! Beijo.

Sândrio cândido. disse...

dizer que é um bonito poema e facil, o dificil é ter que recordar esta casa onde com certeza passaste dias maravilhosos ai lado de quem ama e se hoje te assombra o passado e se te aflige o futuro ou se suas recordações são felizes é graças aos momentos que passastes lá...algo me intriga ois dizes no titulo canção do exilio e em seguida escreve no fim que esta casa é da sua infancia, bem se nos adultos e jovens tentamos fugir a triste vida só podemos ter um refugio e este não é a casa oi uma patria mas a perdida e vivida infancia.
saudações

BAR DO BARDO disse...

"Estou aqui de passagem".

O que é a eternidade, Mestre?

Marcelo Novaes disse...

Brandão,




Nem tão exilado da infância assim.



;)





Abração.

Gerana Damulakis disse...

Beleza pura.