domingo, 21 de junho de 2009

Vigília




Quem é a terra? Quem é o cavalo
Que navega no mar verde da terra?
Os dias se atropelam entre os peixes
E um ponteiro suspenso do velame.

Um boi moroso pasta o meu sonho
No palco azul do barco naufragado.
O meu cão morto, dentro de uma lágrima,
Me esquece e uiva à loucura da vida.

A água da noite cai sobre a cidade
E enferruja a janela da paisagem.
Deus modelou o barro da memória

Para que concebêssemos o eterno.
Monto no meu cavalo e cavalgo
Com o pêndulo roxo do universo.

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Foto: Sônia Brandão

7 comentários:

nydia bonetti disse...

O barro da memória... Tudo está lá, na mente, na alma, no coração... Este poema é de uma beleza e de uma intensidade impressionante, JC. E a foto... uma mandala rural. Linda.
beijo.

Adriana Godoy disse...

Olha, um soneto desse naipe é algo raro e precioso. A memória, o delírio, a filosofia e, principalmente, a poesia instalados nesse poema arrebatam de cara, sem falar na foto. Bravo, JC, o Bardo Pimenta que se cuide.(rs) Beijo.

BAR DO BARDO disse...

há um poema fora da dimensão terrestre de um tal de rimbaud...

a ideia: decupar duas imagens e colá-las como se fossem apenas uma, isso gera uma terceira possibilidade...

foi o que você fez, meu caro.

você fez e está fazendo filme.

o sertão virou mar?
o mar virou sertão?
não!
é outra coisa...


coisa linda.


- mestre pi

BAR DO BARDO disse...

Adriana Godoy, eu escutei, viu?!

1 X 0 pra você... Instigando a discórdia... Que coisa feia!...

Te pego na encruzilhada. Te cuida!

Victor Gil disse...

Oi J.C.
Como a cavalo dado não se olha o dente, nada melhor que o montar e partir à desfilada pelos barros da memória.
Abraços
Victor Gil

J. c. agradecia que informasses a Sonia que eu não me esqueci dela. Acontece que o tipo de janela que ela tem no blog, nem sempre está disponível no sistema aqui do meu serviço. Só nos fins de semana, em minha casa consigo aceder a esse tipo de janelas.
Um abraço (um beijo) para a Sonia.
Victor Gil

tchi disse...

Somos pó. E no barro também nos moldamos.

Beijinhos.

Unknown disse...

depois de ter lido om outro e comentado, quase nada a acrescentar:

apenas o prazer de te ler:)