sexta-feira, 1 de maio de 2009

O CÁRCERE DE BÁRBARA DE ALENCAR















Eu vi o cárcere de Bárbara de Alencar.
No subsolo, a pequena cela de tortura:
Atrás das grades, pedras, paredes de pedras,
A cela onde um homem não cabe em pé.

Bárbara recebia uma só refeição por dia,
Mas era muito: alimentava-se de pedras
E de orgulho ferido e erguido como bandeira.
As pedras eram cabras mansas para Bárbara

Ordenhar: Bárbara tirava leite das pedras.
“Quem me pedirá contas de meus atos?
Meu marido, meus filhos, o meu Ceará?

Quem combate o bom combate não sucumbe.
Eu colho na derrota toda a minha vitória.”
Ouvi a voz de Bárbara, viva, nas pedras.

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Depois de quase um mês em Fortaleza, Ceará, aqui estou de volta.
Fortaleza é bela, belíssima. Voltei com os olhos transbordando de imagens, com a alma lavada, pura como as águas primitivas do mar e da chuva. Foram vinte e tantos dias de mar, sol e chuva: pureza, beleza, finitude e infinitude.
Um grande abraço a todos os amigos. Saudades.

5 comentários:

Unknown disse...

Fabuloso!


Bom regresso. Abraço.

Graça disse...

Que bom que voltou... de alma lavada.

Eu voltarei sempre.

Um beijo

Adriana Godoy disse...

Que lindo, um soneto de primeira grandeza.

"alimentava-se de pedras
E de orgulho ferido e erguido como bandeira." Bom retorno e continue neste clima! Beijo.

Sandra disse...

Dei uma passadinha por aqui.Outro dia eu volto.
Sandra
Venha me visitar.

Art'palavra disse...

Meu querido Mestre Carlos Brandão: gratíssima pela lembrança que tem de mim. Saiba meu amigo que lá no infinito a resistência de D. Barbara ecoa na grandeza da tua poesia. Acho que os deuses todos que acodem os poetas, os guerrilheiros, os pacifistas estão radiantes com a tua poesia. Vou levar essa história para os meus alunos. Grata por você existir. Paz em Ñanderu, Grauninha